Bom, depois de um Natal e Reveillon de muitas alegrias voltamos às atividades letivas e cá estou eu para atualizar o blog.
Há muito tempo atras foi-nos solicitada uma síntese comentada do Capitulo 3 do livro Manual de Conforto Térmico, de Frota e Schiffer. Segue abaixo:
RESENHA
DO CAPÍTULO 3 DO LIVRO Manual de Conforto
Térmico, de Frota e Schiffer
Quando
se fala em “Elementos climáticos da arquitetura”, destaca-se a importância de
tratar de fatores como clima, tempo e ventos na construção arquitetônica afim
de alcançar maior conforto de quem usufrua dela.
O
conforto térmico da edificação é mais evidente quando “a oscilação diária e
anual da temperatura e umidade relativa, a quantidade de radiação solar
incidente, o grau de nebulosidade do céu, a predominância de época e o sentido
dos ventos e índices pluviométricos” são sentidos de maneira que não alterem o
bem estar de quem está na edificação.
Devido à
grande diferença entre as localizações dos mais diversos lugares no planeta
Terra, as questões de conforto térmico serão tratadas diferentemente, mas com o
mesmo intuito. Diferenças essas que são percebidas devido à variedade de
altitudes, hemisférios, latitude, longitude.....
“A
radiação solar é uma energia eletromagnética, de onda curta, que atinge a Terra
após ser parcialmente absorvida pela atmosfera”. Isso pode ser facilmente
percebido e sentido nos locais de diferentes latitudes, a qual é responsável
por maior ou menor incidência solar.
Lembrando
que a Longitude varia da 0º a 180º para o leste e para o oeste, levando em
consideração o Meridiano de Greenwich. E a Latitude varia de 0º a 90º para
norte a para sul partindo da Linha do Equador. Este último é o que determina o
“grau” de incidência solar no ambiente, sendo ela mais intensa ou amena,
podendo-se dizer até inexistente em certas épocas do ano.
Não
sendo o eixo de rotação da Terra perpendicular ao Plano da Eclíptica, os
Trópicos de Câncer e Capricórnio recebem, em diferentes épocas do ano,
incidências solares perpendiculares a si em diferentes épocas do ano
(perpendicular ao T. Capricórnio no verão do hemisfério Sul e perpendicular ao
T. Câncer no verão no Hemisfério Norte – solstícios de verão e inverno). Essa
inclinação em relação ao Meridiano de Greenwich é de 23,5º.
Já quando
se fala em equinócio significa que os raios solares estão incidindo igualmente
nos hemisférios Norte e Sul, porem, com angulações e intensidades diferentes
nas mais diversas latitudes.
“Pode-se
então afirmar que quanto maior for a latitude de um local, menor será a
quantidade de radiação solar recebida e, portanto, as temperaturas do ar
tenderão a ser menos elevadas”.
Um fator
importante é a Continentalidade. Devido à diferença de calor específico
(definido como sendo a quantidade de energia necessária para elevar de um grau
[Celsius] a temperatura de uma unidade de massa) entre a terra e a água,
lugares litorâneos são mais amenos, termicamente. As brisas mar/terra e
terra/mar são exemplos de eventos que reduzem sensação de desconforto devido ao
grande calor, principalmente em áreas intertropicais, como o Brasil por
exemplo.
A
Topografia do terreno deve ser levado em consideração à partir do momento em
que pode receber, com mais ou menos intensidade, raios solares nas diferentes
épocas do ano. A mesma pode tornar-se uma barreira tanto de ventilação quanto
de iluminação.
Quando
se fala em revestimento de solo deve-se tomar bastante cuidado à partir do
momento em que não haverá correção em nenhum outro fator de interferência no
conforto térmico que amenize essa situação. É importante lembrar que, quanto
menos úmido ele for, maior será sua elevação de temperatura durante o dia,
tornando a estadia de quem estiver nele desconfortável.
A
umidade atmosférica interfere no ambiente à medida que, com a variação da
temperatura, ela torna-se mais ou menos agradável. Por exemplo: se há
diminuição de temperatura, todo o ar contido naquele local irá saturar e
alcançará o ponto de orvalho. Esse resfriamento, quando ocorre de maneira
rápida, e quando há grande quantidade de água na atmosfera acaba gerando a
precipitação atmosférica (chuva). A nebulosidade pode contribuir bastante para
esse evento, já que haverá dificuldade de penetração dos raios solares na
atmosfera.
A
chamada Força de Coriolis é a maior responsável pelos ventos em nosso Planeta.
Se não fosse por ela, só haveria ventos dos Polos para o Equador. Além dela,
fatores como “distribuição sazonal das pressões atmosféricas” são atuantes na
presença mais ou menos acentuada dos ventos, já que, com a diferença de
pressão, há diferença de temperatura e consequentemente haverá presença de
ventos.
3.2
Adequação da arquitetura aos climas:
Atualmente
existem vários sistemas de representação, são eles: e Koppen, Atkinsons, Thornthwaite,
Mahoney, etc.
Nos
grandes centros urbanos pode haver variações ao longo de um dia ou a longo
prazo. Isso ocorre devido à grande aglomeração de edificações (principalmente
verticais) que impedem a passagem de ventos e/ou luz solar em determinados
horários. Esses e outros fatores acabam gerando o que se conhece por “Ilhas de
Calor”. Esse fenômeno provoca o mal estar dos que convivem no local e pode ser
ainda mais intensificado com o revestimento (indevido) do solo.
Nas áreas
centrais das cidades isso é ainda mais percebido. A grande quantidade de
edifícios e movimentação de veículos acaba tornando o ar “pesado” e
desagradável para os que ali se encontram. A grande quantidade de partículas
solidas em suspensão aumentam as possibilidades de chuva nesses locais.
Falando
em umidade do ar, tem-se um fator determinante para se “pensar” arquitetura. Em
locais com clima seco, suas temperaturas extremas são acentuadas. Ora muito
frio, ora muito quente. Os desertos são um bom exemplo disso. Em síntese, “quanto
mais úmido estiver o ar, maior será a quantidade de água em suspensão. Essas
partículas, além de se aquecerem pela radiação solar que recebem, também
funcionam, de dia, como uma barreira da radiação solar que atinge o solo e, à
noite, ao calor dissipado pelo solo”.
“As
diferenças quanto à umidade relativa do ar vão requerer partidos arquitetônicos
distintos em função da consequente variação da temperatura diária, a qual,
basicamente, definirá as vantagens ou não da ventilação interna”.
Quando
se trata de um clima quente e seco deve-se ater-se a alguns elementos que antes
foram tratados como prioridade na construção de edificações como o vento por
exemplo. Nesses locais há muita poeira em suspensão, assim, as edificações
devem ser protegidas. Pequenas aberturas são algumas das soluções encontradas
para tal.
As ruas
que de orientam como Leste/Oeste devem ser largas, já que o Sol não incidirá
diretamente nas fachadas, tornando o ambiente mais ameno nessas edificações. Em
contrapartida, as ruas Norte/Sul devem ser estreitas. Quando se fala nessa
orientação, sabe-se que o Sol incidirá diretamente nas fachadas; de um lado
essa incidência será na primeira metade do dia e do outro no resto do dia.
Assim, quanto mais estreitas forem essas ruas, ambos os lados irão se proteger
dessa incidência direta.
Já
quando se fala em clima úmido as medidas devem ser bem diferentes das de clima
seco. A ventilação é elemento relevante nesses locais; de preferência a
ventilação cruzada. Assim, a presença de grandes aberturas é fundamental para
que isso ocorra. As edificações e vegetação devem estar em sintonia para que
não aja formação de barreiras de ventos; mas sim, de incidência solar direta.
A
vegetação tem fundamental importância em ambos os climas quando se fala em
pedestre. É preciso que aja um ambiente agradável para circulação deles. Não
apenas vegetação mas também “marquises, toldos, projeções dos andares acima do
térreo, etc”, podem ser utilizados para tal. Não só a proteção “por cima” deve
ser pensada, mas a proteção do solo também. Materiais que absorvem muito calor
devem ser evitados, principalmente em climas úmidos, pois no período da noite haverá
muita dissipação de energia.
Cores
mais claras devem ser utilizadas nas edificações de climas quentes. Haverá
menos absorção de calor e maior conforto interno.
Em
síntese, o grande desafio é pensar em arquitetura para climas temperados, em
que há todas as estações bem definidas. Nesse caso, deve-se pensar em medidas
que equilibrem tudo que foi falado anteriormente para que se tenha um ambiente
confortável termicamente durante todo o ano.
O que
foi apresentado foi uma pequena síntese sobre o conforto térmico. É preciso
entender que há muito mais do que isso. Complexidade é a palavra. O que resta
aos arquitetos é tentar utilizar de todo o conhecimento e criatividade para
fazer uma arquitetura inovadora e agradável a todos.